O audiovisual como propulsor da economia criativa
CLÁUDIA ROMARIZ - Top de Marcas Londrina 2024 - 21/11/2024
Nos últimos anos, a economia criativa tem ganhado cada vez mais espaço nas discussões sobre o que pode alavancar o desenvolvimento das cidades. Geração de renda, de produtos, especialização de mão de obra e retenção de talentos, termos muito bem conhecidos por quem discute a pauta e que fazem parte também de um mercado importante: aquele dos produtores de cultura. O LAVI é o ecossistema de Inovação de Economia Criativa e do Audiovisual de Londrina e Região e nasceu, há sete anos, com um objetivo bastante claro: promover a conexão com os atores dos ecossistemas de inovação, gerando novas oportunidades de negócios, favorecendo a experimentação e aplicação de novas ideias através de uma lente bem específica, o setor do audiovisual.
A iniciativa partiu de um grupo de produtores independentes da cidade que começava a sentir, no próprio roteiro, a necessidade de juntar forças para alavancar o setor já em ebulição. “A indústria do audiovisual de Londrina sempre foi muito ativa. A cidade possui o mais antigo festival de cinema do Paraná, o Festival Kinoarte, que chegou à sua 26ª edição em 2024. O evento sempre foi uma vitrine para as produções locais e regionais, mas mais do que isso, é um ambiente que promove o desenvolvimento da área. O festival ofereceu durante sua história centenas de cursos de qualificação profissional, trouxe outra centena de profissionais do cinema nacional e internacional para a troca de experiências e ideias, sempre trabalhou na formação de público, promoveu a inclusão social e alimentou a criatividade das novas gerações de realizadores”, afirma Luciano Schmeiske Pascoal, um dos fundadores da governança do audiovisual de Londrina.
As empresas ligadas ao LAVI produzem longas-metragens, curtas, documentários, séries para diversos canais abertos e a cabo e colecionam prêmios cinematográficos mundo afora, o que tem feito de Londrina um polo criativo no audiovisual. “O LAVI é especialista em formatação de projetos para editais nacionais e internacionais. Todos os anos, dezenas de projetos são fomentados na cidade, realizando obras, criando especialistas, alimentando a economia”, comenta Pascoal. Para se ter uma ideia, só em 2024, Londrina recebeu, através dos editais públicos, mais de R$ 24 milhões para o desenvolvimento de produções audiovisuais e cursos da área da economia criativa. “São centenas de empregos diretos e indiretos durante todo o ano e a capacitação de outras centenas de novos profissionais. Todo esse dinheiro movimenta a economia da cidade e gera renda para centenas de famílias”, completa.
“Para a realização de um filme, são necessários pesquisadores, roteiristas, produtores, atores, iluminadores, eletricistas, direção de arte, cenógrafos, marceneiros, motoristas, cozinheiras, diretores de fotografia, editores, especialistas em efeitos especiais, sonoplastas… “Todos estes profissionais fazem parte da economia criativa. Para se construir um cenário, também são necessárias pessoas que trabalham com artesanato. Para se preparar um ator, é preciso um diretor de teatro. Para compor a trilha sonora de um filme ou uma série, é preciso contar com ótimos músicos. Todos são profissionais da economia criativa. Contudo, a geração da riqueza depende da capacidade de produção do conteúdo criativo, de transformá-lo em bens ou serviços comercializáveis, em escala e com divulgação desse conhecimento”, destaca Pascoal.
Incentivo ao apoio empresarial
Estudo da FIPE/ SPCINE – Empresa de Cinema e Audiovisual revelou, no ano passado, que para cada R$ 1,00 gasto na demanda final do setor do audiovisual, retornam para a economia brasileira R$ 3,69. O crescimento do setor também alavanca outros negócios. O parque exibidor brasileiro, por exemplo, cresceu expressivamente nos últimos anos. Em 2002, existiam 1.635 salas em todo o país. Atualmente, são contabilizadas mais de 3.100 salas de cinema. “Tudo tem crescido vertiginosamente: a quantidade de horas produzidas, o número de canais e programadoras nacionais, as produtoras independentes brasileiras com competitividade internacional. É motivo de orgulho para qualquer brasileiro o avanço da produção nacional, com distribuidoras brasileiras que auxiliam na construção de equações rentáveis para os filmes e produções televisivas brasileiras”, relata.
“O ambiente digital acaba sendo perfeito para a conexão e integração entre os atores do setor. Esse é o habitat do audiovisual. Tudo o que se produz para as redes sociais é audiovisual. A animação gráfica, o videocast, a publicidade, os games, tudo é audiovisual. E toda a integração entre todos os atores do ecossistema de inovação de Londrina, o Estação 43, está no ambiente digital. O LAVI, é o braço da economia criativa dentro do Estação 43”, salienta Pascoal.
As ações apoiadas na economia criativa, segundo ele, podem beneficiar as empresas que atuam em diferentes setores. “É crescente a exigência para que as empresas apoiem iniciativas e projetos que visam a sustentabilidade, a responsabilidade e a inclusão social. A marca de uma empresa, quando vinculada a projetos culturais por exemplo, ganha valor, visibilidade, reconhecimento, engajamento, novos clientes e fornecedores. Um dos principais desafios do LAVI é justamente incentivar as empresas de Londrina a destinar seus impostos para projetos culturais e sociais desenvolvidos aqui. O potencial de investimento desses impostos é gigantesco. É preciso mudar a mentalidade e a cultura das empresas e mostrar que a economia criativa, ligada a projetos culturais e sociais, só traz benefícios para a população e para o desenvolvimento de todos que fazem parte deste grande ecossistema que é Londrina”, explica Pascoal.