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Com a pandemia da Covid-19, consumidores passaram a esperar que as empresas apoiem a comunidade no seu entorno; quem visa apenas o lucro não sobrevive no mercado

CLÁUDIA ROMARIZ - Top de Marcas Londrina 2021 - 16/11/2021

Gerar impacto positivo para os consumidores, fornecedores e para a comunidade à sua volta não exige muito esforço, se a empresa identificar formas de ajudá-los sem fugir muito de seu core business, ou seja, de sua atividade principal. Isso é o que afirma Fabio Risério, um dos fundadores da Além das Palavras, consultoria de cultura de integridade e sustentabilidade. Esse tipo de posicionamento se tornou ainda mais importante com a pandemia da Covid-19, quando as pessoas passaram a esperar que as organizações apoiassem o seu ecossistema neste momento de crise.

Risério conta que começou a atuar nesta área quando trabalhava o tema da sustentabilidade nas empresas, mas percebeu que elas se preocupavam mais em minimizar os impactos negativos que causavam do que gerar um impacto positivo. “Chegou um ponto que eu percebi que as empresas poderiam fazer muito mais do que isso. Muito mais do que mitigar o impacto negativo que elas produzem, elas poderiam criar um impacto positivo com o seu produto e com seu serviço.”

Foi então que, com Gabriela Souza, Risério fundou a Além das Palavras. “Somos uma consultoria que trabalha na cultura das empresas para que elas sejam um local onde podem produzir fatos positivos através de seus produtos e serviços. E aí não estou falando de um serviço social, de uma ação social, mas no próprio core business daquela empresa, como aquele produto ou serviço pode trazer algo positivo para a sociedade. A gente imagina e espera que as empresas sejam um local onde as pessoas consigam realmente serem elas mesmas e possam produzir coisas boas e positivas para a sociedade.”

Quando as empresas os procuram, entretanto, o indutor ainda é muito financeiro, relata Risério. “Esse indutor é personalizado de várias formas. Pode ser uma exigência do mercado, uma pressão que os concorrentes estão fazendo, pode ser que a empresa precise de crédito, de capital, e para isso precisa tomar algumas atitudes. Pode ser que a empresa queira produzir ou vender seu serviço para um outro local e isso é exigido principalmente quando a gente está falando do mercado exterior.”

Porém, o empresário diz acreditar que muitas empresas podem fazer mais do que atender a necessidades de mercado. O olhar das empresas é a curto prazo, o que as impede de crescer e se desenvolver. “Para ter sustentabilidade, para gerar valor, a gente muitas vezes tem que andar algumas casinhas para trás e fazer aqui o básico, que é a empresa ter gestão.”

Core business

Para gerar impacto positivo na sociedade sem precisar sair de seu negócio principal, Risério recomenda à empresa “tirar uma fotografia” da forma como ela se relaciona com clientes e fornecedores e procurar identificar formas de ajudar a resolver um problema da sociedade com o seu produto ou serviço. “Ver como que, com aquilo que já está fazendo, ela pode trazer um valor maior para aquele público com algum incremento, com alguma ação a mais.”

Um exemplo clássico, na opinião do empresário, é da Danone, com a marca Activia. “Uns 20, 30 anos atrás, a gente se alimentava para suprir a nossa necessidade, a nossa fome, nossa vontade de comer. A Activia foi um dos primeiros produtos que trouxe esse posicionamento que você se alimenta e é saudável ao mesmo tempo. Hoje em dia a gente dificilmente compra algo que é só para suprir aquela necessidade. A gente também olha o quanto aquele alimento pode ser saudável.”

Outro exemplo é da Porto Seguro Allianz, que criou um seguro de baixo custo para pessoas e empresas que não tinham condições de contratar o seu serviço. “Com um olhar um pouco mais atento ela percebeu que havia um nicho de mercado de baixa renda que precisava daquele seguro, mas não tinha condições. E aí ela fez um microsseguro, um seguro de baixo custo, para que aquelas pessoas conseguissem comprar uma cota de seguro e ter mais segurança nas suas casas, nas suas atividades.”

Ecossistema

Mas para gerar valor para a sociedade, Risério ressalta que as empresas precisam primeiro olhar para dentro de si, de seus funcionários e de seus fornecedores. “Eu vejo um movimento muito grande de as empresas tentarem passar uma imagem positiva, uma imagem de que está gerando valor para a sociedade, e muitas vezes ela se esquece do seu próprio público interno, dos seus fornecedores. A geração de valor tem que ser compartilhada com todos que estão naquele ecossistema, partindo dos funcionários, dos fornecedores, daquela comunidade do entorno. Eu vejo esse como o grande desafio da coerência.”

A pandemia da Covid-19, na sua visão, trouxe isso ainda mais à tona. As empresas que mais tiveram relação positiva com seus funcionários, com seus fornecedores e com a comunidade no seu entorno foram aquelas que conseguiram passar pela crise sem muitos arranhões. “Aquelas que tinham relações conflituosas, relações desgastadas ou relações de exploração, estas não tiveram apoio dos fornecedores, nem público interno, nem dos seus clientes. As empresas que olham muito para o próprio umbigo vão ter muitas dificuldades de sobreviver no futuro.”

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