Moda consciente: Conheça a londrinense Fuá Brasil
Do processo de criação ao valor das peças, a Fuá Brasil é norteada pelos valores que tornam a moda consciente
Do processo de criação ao valor das peças, a Fuá Brasil é norteada pelos valores que tornam a moda consciente
De acordo com o dicionário, a palavra moda significa conjunto de opiniões, gostos, assim como modos de agir, viver e sentir coletivos. Em seu sentido mais literal, a moda já está relacionada com o modo de agir e viver da sociedade. A moda consciente é um conceito que tem estado cada vez mais presente na internet e na vida das pessoas. O objetivo nada mais é do que fazer com que a moda esteja mais perto do seu propósito genuíno.
Do que são feitas as roupas que você está vestindo? Quem as costurou? De onde vieram os tecidos? O preço foi justo? Nem sempre é fácil responder estas questões. Isso porque, as informações não são reveladas pela maioria das marcas do mundo, principalmente as populares do chamado fast fashion.
Em contrapartida ao fast fashion, existe a slow fashion. Aqui, o objetivo não é mais produzir barato e em larga escala, mas produzir com responsabilidade social, sem deixar de lado o estilo e a personalidade de cada marca ou peça. Tudo o que resume a Fuá Brasil. A marca foi criada em 2015 pela londrinense Glória Audi Ribeiro, que sempre gostou de produzir e de se expressar. A Fuá nasceu dela, e do seu próprio desejo de encontrar peças que fugissem da sexualização feminina, do que é considerado padrão e de estereótipos.
A marca já foi itinerante e passou por diversas partes do Brasil, fazendo com que as peças tivessem ainda mais personalidade e um pouco de cada lugar. Atualmente a Fuá está em uma loja colaborativa em Salvador – Bahia, de forma on-line pelo site e Instagram ou pelo atêlie em Londrina com hora marcada.
Veja mais sobre a consciência das marcas nesse link:
“As pessoas começaram a se identificar com o que eu criava e foi aí que eu percebi que tinha um mercado para mim”, destaca Glória. A produção é feita majoritariamente com aproveitamento têxtil. Isso significa dizer que a maioria das peças da Fuá são criadas com tecidos que poderiam ter sido descartados. Só no Brasil são produzidas mais de 170 mil toneladas de resíduos de tecidos todos os anos. “A moda é cruel para as pessoas e para o meio ambiente”, completa.
A moda consciente minimiza impactos
Glória também explicou que as peças da Fuá são pensadas e produzidas para que haja o mínimo possível de resíduos têxtil. Existem peças feitas pela linha Zero Waste ou Zero Lixo, em que a modelagem não gera nenhum resíduo e todo o tecido é aproveitado em 100%. No caso de modelagens comuns em que há sobra de matéria prima, os retalhos maiores são aproveitados em outras peças e os retalhos menores e sobras de linha se tornam enchimento de almofadas – algumas já viraram sorteio para as clientes e seguidores do Instagram.
Além da responsabilidade na forma com que o produto será feito, Glória também se preocupa com a forma em que ele encontrará os corpos que irá vestir. As modelagens não são nada tradicionais. As numerações vão desde o PP ao 8G e um mesmo tamanho se adequa a diferentes corpos. Além de acompanhar as mudanças de um mesmo corpo que pode engordar, emagrecer ou até engravidar. A moda consciente precisa estar presente nos diversos aspectos da criação.
Quem compra Fuá também é incentivado a não usar sacolas de uso único, aquelas de plástico. Em compras de valores maiores, o cliente recebe suas roupas em uma ecobag personalizada da marca. Em outras situações, Glória oferece a ecobag pelo valor de custo.
Quanto você pode pagar?
A consciência da Fuá começa no propósito da marca, passa por toda a produção, chega até o consumidor e ao preço final, que na verdade, é aberto. As peças têm valor aberto para que cada pessoa decida pela sua própria consciência e realidade quanto pode pagar por aquele produto a partir de um valor mínimo, médio e o ideal. A ideia é que essa seja uma forma de diminuir a desigualdade social entre as pessoas e tornar a Fuá mais acessível a todos.
A moda consciente conecta os consumidores com princípios, muito mais do que com uma roupa. Um fator que tem contribuído para que marcas como a Fuá sejam cada vez mais procuradas pelo público é a preocupação global das pessoas com o meio ambiente e o acesso à informação que a internet proporciona. Em 2020, por exemplo, houve um crescimento de mais de 40% no número de lojas virtuais, segundo um levantamento realizado pela PayPal Brasil.
A idealizadora da Fuá acredita que o consumidor tem um grande poder de transformação em mãos, para que cada vez mais as marcas assumam a responsabilidade pelos impactos que causam ao mundo e ao meio ambiente. “O consumidor tem o poder de transformação, mas ele precisa ir atrás para acabar não tendo mais do mesmo. É preciso se informar.”
Para o futuro, Glória espera continuar criando conforme o propósito em que acredita, “quero criar raízes, focar nas vendas on-line e estar mais presente. O propósito da Fuá é criar liberdade, originalidade e fazer o que eu acho interessante”, expressa a empreendedora.